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MURAL DA LIONESA

As minhas visitas

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Pela primeira vez, 10 artistas de norte a sul de Portugal juntaram-se para criar o maior projeto de Graffiti/Street-Art do norte do país, em Leça do Balio, Matosinhos.

Caos, Colectivo Distopia, Draw, Mr. Dheo, Third, Mar, Mário Belém, Nomen (nacionalidade angolana), RAM e Utopia (nacionalidade brasileira) foram alguns dos artistas de renome internacional que participaram neste evento de arte urbana.

Localizado na Rua da Lionesa, o muro pertencente à Unicer, tem aproximadamente 1400 m2. A intervenção do coletivo de artistas retratou a história da cidade de Matosinhos, a evolução da Lionesa e o processo de produção da cerveja Super Bock (Unicer), proporcionando uma experiência visual completa.

Este projeto de Street Art tornou-se um marco na cultura urbana em Matosinhos como em toda a zona norte de Portugal. 

Com a criação do “Mural da Lionesa”, o Centro Empresarial da Lionesa pretende incluir esta iniciativa no projeto de turismo industrial, ficando a pertencer à Rota Turística do Norte do País, potenciando a oferta turística de Matosinhos.

 

Sobre a intervenção de Caos:

"O mar, o azul, o seu infinito expresso num olhar. A saudade, a esperança, o voltar inscrito num brilho da alma. O amor, a vontade e o acreditar cravados na malha urbana. As cidades são construções do invisível humano, são o amontoar de sentimentos, de um pensar acumulado, de um devir comum. São o aglomerar de histórias, de felicidade e de tristeza. São o que de mais poético há em nós, pois é nelas que encontramos aquilo que já fomos, aquilo que somos e aquilo que seremos."

Nascido no Porto, em 1981, Miguel Januário frequentou o curso de Artes Gráficas na Escola Artística de Soares dos Reis. Em 1999 ingressa na Faculdade de Belas Artes do Porto, no curso de Design de Comunicação, iniciando as suas primeiras incursões no graffiti de rua e em trabalhos comissionados.

Em 2005 cria ±maismenos±, um projeto de intervenção e reflexão crítica sobre o corrente modelo de organização política, social e económica que gere as sociedades urbanas contemporâneas. A sua expressão apresenta-se conceptualmente reduzida a uma equação de simplicidade e opostos: mais/menos, positivo/negativo, preto/branco.

“Eu comecei por “CAOS”, foi o meu primeiro “tag”. Entretanto tive outros, houve uma altura que assinava “NAIF”, contudo dentro do graffiti clássicoCaos Mural da Lionesa2 sempre foi “CAOS”. Às vezes ainda assino com esse nome. Escolhi-o porque normalmente os nomes que se escolhem não têm propriamente um significado, é mais uma junção de letras ou então significados pouco explícitos. Eu escolhi “CAOS” porque tinha algumas preocupações políticas e então decidi que quando assinasse e quando pintasse o nome deixava desta forma alguma mensagem.”
entrevista a Miguel Januário (1)

Ao falar sobre o Mural da Lionesa, Caos, numa entrevista ao Porto Canal, refere ser este «um bocadinho a poesia da cidade, o interior e a alma da cidade (…) está muito ligado ao mar, ao horizonte, ao azul, ao céu e também a sentimentos como a esperança e a saudade que estão ligados à pesca».

Na obra predominam as cores frias. O azul simboliza a esperança e envolve toda a intervenção. Lê-se a frase: «o azul que veste o céu é o mesmo que pinta o mar».
A figura central, uma mulher com um rosto marcado pelas rugas e cabelos grisalhos ao vento, parece estar em sofrimento. Mira o mar e o horizonte, expectante, aguardando o regresso do filho pescador, representado pelo rosto masculino de olhar triste e vazio. O rosto do filho está parcialmente escondido na malha urbana. Vemos casas, prédios, fábricas e algumas chaminés, entre outros elementos que evocam a memória das fábricas de conserva. Em primeiro plano observa-se uma traineira, com o nome de Saudade, aludindo à mágoa e à nostalgia causadas pela distância dos que se amam.
Junto do rosto do pescador surge a sombra de uma figura feminina, com as mãos erguidas ao céu, numa clara referência à obra “Tragédia do mar” do pintor matosinhense Augusto Gomes. No céu, três gaivotas auguram uma tempestade.

Construções de frases soltas fortalecem a ligação das figuras e do contexto de representação.
«saudade...a memória carrega-a o vento»
«o mar somos nós»
«fito o mar/o seu sustento é a esperança»
«o azul que veste o céu é o mesmo que pinta o mar»
«porque o mar que nos mata a fome é o mesmo que nos traz a morte»
«a memória carrega-a o vento»
«fiquei perdido no teu rosto/ele era o infinito»
«lembro-me sempre de ti/estás aqui para/sempre…».
«saber que te sinto/porque tu és parte de mim»
«porque o/coração/leva-o/as ondas»
«pede-me socorro/e eu não vou/ouvir»
«vive uma cidade da sua mensagem»
«sente/feroz/o medo»
«o caos é a ordem de todas as coisas»

(1) https://sites.google.com/site/portefoliojoanamarinho/arte-urbana-entrevista-a-miguel-januario 
http://maismenos.net/ 

 

Sobre a intervenção de Draw:

Draw é Frederico Soares Campos, arquiteto e artista urbano. É mestre em arquitetura pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto e desde 2011, membro do Coletivo RUA “um coletivo de artistas multidisciplinares proveniente do Porto, cujo processo criativo se desenvolve através da pintura (graffiti), design gráfico, ilustração, fotografia, escultura e música”1 e diretor artístico do PUTRICA (Propostas Urbanas Temporárias de Reabilitação e Intervenção Cultural e Artística)2
Draw usa latas de spray como se fossem lápis, utiliza o preto e o branco num estilo caraterizado pelo traço inacabado, pela expressão detalhada dos rostos. Desenha em grande escala gente anónima, retratos de pessoas que encontra ao acaso, como é o caso da figura masculina da obra Lobo do Mar.

“(…) uma vez que o meu trabalho reside essencialmente na transposição da figura humana para a grande escala, resolvi pegar num pescador, umDraw200 pescador vareiro, e trabalhar no fundo este Lobo do Mar, um pescador que tem uma expressão carregada, um cachimbo, no fundo que remetesse um pouco para a cultura piscatória que está muito ligada ao crescimento da cidade de Matosinhos (…)3

A figura é retratada em meio corpo, com uma forma geométrica retangular de cor negra como fundo, onde distinguimos a assinatura de Draw no canto superior direito. No centro vemos um idoso com rosto marcado pelas rugas e grisalhas sobrancelhas e barbas, cuja indumentária, a camisa axadrezada e o barrete, nos remete à profissão. Vários elementos (os braços cruzados, a marca do X no dedo indicador da mão esquerda) reforçam esta visão corajosa de quem aceita o desafio de viver entre o azar e a sorte.

Na composição, a atenção recai incontestavelmente no olhar vivido experiente e determinado do Lobo do Mar, mas também na faixa horizontal no fundo, pontuada nas extremidades por âncoras. Na faixa, de cor branca, lemos a afirmação de feição irónica, «A mulher e o peixe no mar, são difíceis de apanhar», contrastante com os diferentes graus de saturação e luminosidade do preto, simbolizando a morte dos pescadores.

(1.) https://www.facebook.com/pg/coletivoruaband/about/?ref=page_internal 

(2.) https://pt-pt.facebook.com/projectoputrica 

(3.) Draw em: Reportagem RTP, Mural da Lionesa, 19 de março de 2014

Página: https://www.fredericodraw.com/LOBO-DO-MAR-PT 

 

Sobre a intervenção de MAR

Nascido em Lisboa, em 1974, Gonçalo Mar (ou simplesmente MAR) descobriu o giz branco e colorido ainda era um pré-adolescente. É com 12 Cayo Carpoanos de idade que desenha as primeiras personagens irreais e desassossegadas, gizadas no alcatrão das ruas. Durante a sua licenciatura em Design de Moda, pela Faculdade de Arquitetura de Lisboa, concorre a um lugar de desenhador num estúdio de animação, o “MagicToons”. Estávamos em 1998, um período importante para MAR pois é nesse ano que realiza os primeiros graffitis, dando vida a characters únicos, graças à fusão de elementos vindos de universos como o da banda desenhada, da animação, do anime e de outros mais ligados à linguagem e códigos da street art.

A presença e contribuição do artista encontra-se em diferentes trabalhos comissariados de rua, individuais e coletivos. Entre 2004 e 2016, destacamos MAR como mentor do “Seixal Graffiti” e artista integrante das coletivas: “Underdogs”, Galeria Vera Cortês, “Paredes de Além Paredes/Beyond” Galeria António Prates, Cascais “ArtSpace”. Realizou exposições individuais na Galeria Influx e Galeria Arte Cúbica e foi participante nos festivais “Eurocultured” - Tour Internacional de graffiti, “Crono”, Lisboa; “Walk and Talk”, Açores; “Sete sóis, sete luas”, Impruneta, Itália e “Wool”, Covilhã; e coorganizador da mostra de Graffiti/Street Art “VSP-Visual Street Performance”
Da sua parceria com Miguel RAM – ARM COLLECTIVE - iniciada em 2005, resultaram diferentes intervenções em larga escala, caso do Mural dos Lusíadas, um trabalho comissariado a propósito das comemorações dos 20 anos da revista Visão; o Tour Paris 13, organizado pela Galerie Itinerrance, e, mais recentemente, o Mural no bairro da Biquinha, no âmbito do projeto UP THERE Matosinhos (2016).

No Mural da Lionesa, MAR representou Cayo Carpo, soldado romano cuja lenda “(…) relaciona Matosinhos com as devoções jacobeias, e que permanece como uma das mais queridas na memória coletiva da região, está também associada à origem da própria toponímia do concelho. (…) Cayo Carpo terá passado, desde esse dia, a ser conhecido como o “Matizadinho” e a praia onde tudo se passou, que na altura ainda não tinha nome, passou a ser chamada de praia do “Matizadinho”. Este topónimo terá pois sofrido a evolução ao longo dos séculos, até dar lugar à palavra Matosinhos (…)” consulte a lenda aqui http://www.matosinhoswbf.pt/pages/459 

Esta pintura de cores fortes e vibrantes, onde predomina o uso do laranja, do rosa e do azul, tem uma figura central que é Cayo Carpo, associação feita de imediato pelo nome escrito no centro da embarcação e pelo uso de uma gálea na cabeça, o capacete dos soldados romanos aqui visto com aplicação de crista em tons castanhos. O rosto da figura é enigmático, com o olhar em viés, nariz pequeno e lábios finos que nos conduzem à determinação deste grande senhor romano. A cabeça está dentro de uma embarcação artesanal de pesca, que apresenta, na popa, uma caixa de primeiros socorros e um leme cuja alternância de cores fê-lo assemelhar a um jogo de tabuleiro, podendo ser entendida como uma alusão ao povo romano que adaptou quase todos os divertimentos egípcios e gregos, denotando a sua paixão por jogos. Vemos na proa, a cabeça de um peixe, muito semelhante a uma carpa de água salgada, aludindo à versão feminina do apelido de Cayo. Na faixa branca da embarcação, está representada uma onda, encimada por meio circulo a preto, que aparenta ser um sol.

O tornozelo direito está tatuado com uma âncora, símbolo marítimo popular, favorito entre os marinheiros. Este elemento pode aparentemente ser associado ao cristianismo, na medida que a âncora era usada para substituir a cruz, como uma sinalização de um cristão em segredo, nos tempos da perseguição romana às minorias religiosas. No lado frontal da embarcação, estão duas aberturas em forma de escotilha: de uma sai um membro inferior (encontrando-se visível parte do outro membro no lado de trás da embarcação) e da outra nasce água sob a forma de múltiplas mãos.

Por baixo da embarcação, cinco peixes cor-de-laranja e brancos aparentam ter traços humanos na face, remetendo-nos para a repetição de um elemento presente em diversas produções do artista, caso das expostas em intervenções no Túnel de Alcântara, Lisboa, ou no Off the Wall, no Algarve. No fundo, vemos um círculo de cordas entrelaçadas cujos espaços são preenchidos com glóbulos oculares, um motivo utilizado noutras intervenções que realizou em Paris (Tour Paris 13) ou em Lisboa, na galeria Arte Cúbica (exposição individual “METADE DA MINHA ALMA É FEITA DE MARESIA”)

Fontes biográficas
Página: http://goncalomar.com/ 

 

Sobre a intervenção de Nomen


Nascido em Angola, em 1974, Nuno Reis a.k.a Nomen é um dos pioneiros em Portugal na Arte Urbana. Desde 1989, o artista autodidata “…tem-se consolidado numa multiplicidade de suportes e registos (…) – das primeiras incursões ilegais em paredes e comboios, ao trabalho desenvolvido em tela e intervenções murais em grande escala em ambientes expositivos e institucionais.

Versátil e prolífico, o auto-denominado “style swinger” é reconhecido pela mestria com que equilibra formas e cores, seja nas elaboradas construções tipográficas que investe de uma dinâmica única, como nas composições e retratos foto-realistas onde explora a depuração dos elementos. (…)”(1)

A obra Retrato do Pescador incita à reflexão sobre a realidade das viúvas e familiares de pescadores, a incerteza de voltarem a ver quem foi ao Nomen4mar.

Mostra-se nesta composição um homem representado numa lata de spray em grande escala, dominada pelo preto no plano de fundo. Este pescador encontra-se ao centro da obra, sendo retratado a meio corpo, inclinado para a frente. Na sua mão direita, aumentada, destacam-se dois dedos, indicador e polegar, em aproximação a uma vela de cera acesa pousada no topo da traineira.

Diferentes graus de saturação e luminosidade de amarelo, laranja e vermelho usado no primeiro plano na figura e na traineira transmitem a sensação de calor, contrastante com o negro do plano de fundo.

No canto inferior esquerdo do mural a frase pintada a laranja “São olhos que esperam o barco voltar e os olhos não trazem”. A assinatura do artista encontra-se a branco, no canto inferior direito.

(1) https://www.nomen1.com 

 

Sobre a intervenção de Distopia

Distopia foi um coletivo dedicado a intervenções no espaço público, procurando fundir as Artes Plásticas e o Design, atuando em várias áreas como na escultura, ilustração, instalação, multimédia, stencil, tipografia e surface covering (1). Constituído por Catarina Ferreira Rodrigues, licenciada em Artes Plásticas e Intermédia na Escola Superior Artística do Porto, mestre em Arte e Design para o Espaço Público pela Faculdade de Dutopia2Belas Artes da Universidade do Porto e Filipe Granja, licenciado em Design de Comunicação e Multimédia pela Escola Superior Artística do Porto e mestre em Design da Imagem da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.

Catarina Rodrigues fez parte da exposição coletiva "Multiplicidades V", 2011, na galeria Geraldes da Silva, com um linóleo de três cores "Let me fall asleep". Como também, em 2012, na galeria do Largo de São Domingues - "Multiplicidades VI" - com a obra "Conta-me lá", impressão digital sob dibond. E, em 2013, na 1ª Avenida | AXA - "Multiplicidades VII" - com as obras "Manipulação" (transferência de imagem em papel chinês) e "Árvore da vida" (escultura/livro de artista com stencil).

Participou no evento Serralves em Festa 2013 com uma instalação sonora e interativa, "Transformando o vazio em cheio".

Também em 2013, participou com várias obras - "Reconstruir, é sempre inventar" (escultura revestida com bronze), "Object Trouvé" (instalação sonora e interativa), "Mortamorfose" (quatro esculturas revestidas com cera quente) e "Metamorphosis" (vídeo) - na "Exposição" coletiva na 1ª Avenida | AXA. Mais tarde teve algumas obras como litografias, foto-sensíveis, processos fotográficos alternativos, stencils sob madeira e cerâmica no evento Bazarte organizado pela Lionesa. Em 2016, vence o concurso Street Art Porto – Caixas EDP com o projeto "É um produto português com certeza!"(2)

Filipe Granja começou no graffiti em 2005 na escola secundária, tendo desde então desenvolvido intervenções, murais e workshops. Em 2012, dá início ao projeto Deslembrados que se dedica à reabilitação do aspeto visual dos não-lugares. Numa abordagem low-cost, reproduzindo a gráfica do azulejo, através do stencil. Uma série de intervenções que renovaram a identidade dos locais, o que acabou por ser objeto de estudo de final de licenciatura. Este projeto culmina no final de 2013 com uma exposição na Galeria 14 Taipas. No mesmo ano participou, como artista, no Resistance Musica & Urban Culture Festival, renovou a fachada do escritório da iniciativa Arrebita, na zona histórica do Porto e pintou o gradeamento da Loja de Coleções - Collectus na Travessa de Cedofeita. De 2015 a 2017, foi curador do festival Desenlata, promovido em Matosinhos, de 2016 a 2017 promotor do Festival Flash Senhora da Hora. Desde 2017 é parte integrante do BECUH - Badass Experiences by Creatives from Urban Habitat, um projeto experimental nascido no underground do Porto, que tenciona dinamizar ao longo do ano uma série de atividades ligadas à “Arte Urbana Contemporânea”.

Em 2018, escreveu o prefácio do livro de Emídio Carreiro, Street Art & Graffiti, inteiramente dedicado à arte urbana do Porto e Matosinhos.(3)

e tanto o rio subiu, uma obra com formato de estrela de oito pontos, remete-nos para uma rosa-dos-ventos, neste caso alusiva à fauna marítima, característica da cidade de Matosinhos. A composição revela-se como um desenho de uma mandala de mar. No ponto central observamos uma estrutura repetitiva, que acompanha do ponto do centro para o ponto média. São representados camarões alongados, brancos, delineados a azul.

A escolha do amarelo na vieira e na estrela, elementos situados no ponto central e médio desta mandala, reflete a ligação histórica de Leça do Balio aos Caminhos de Santiago. No ponto exterior focamos as 16 vieiras com extremidade branca e centro vermelho. Ora fechadas, ora abertas, estão situadas junto das formas triangulares dos oito pontos da estrela. Estes últimos têm definidos os contornos por ovos de peixe, sendo o preenchimento interior realizado com conquilhas de diferentes tamanhos, pintadas a cores sólidas como azul, cinzento e vermelho.

(1) www.facebook.com/distopiar 
(2) http://www.catarinarodrigues.pt/ 
(3) https://www.facebook.com/flipe.granja 

 

Sobre a intervenção de RAM

Miguel Caeiro a.k.a. RAM é o criador da obra “Rosácea dos tempos”, tendo sido o produtor do Mural da Lionesa. Nascido em Sintra, RAM Miguel (n. 1976) começa a pintar ilegalmente nas ruas de Lisboa. O nome foi-lhe cedido: “RAM é um nome que tenho desde pequeno, uma alcunha. Como era rápido a pintar, adoptei também este Rosácea do Tempo de RAMnome como assinatura, que significa “Rapid Air Movement.”1 Foi designer gráfico e formador em Design de Comunicação até 2000, ano em que passa a dedicar-se exclusivamente à arte urbana e a colaborações com a produtora Visual Street Performance, a Team Eastpak Art e a Double Trouble Crew, esta última fundada em parceria com Utopia e Nomem. (2015) Na comunidade, RAM é considerado um writter cuja estética Freestyle experimental e psicadélica se expressa numa abrangente e plural arte urbana, diversificada em expressões e cruzamentos artísticos. Quer sejam graffitis em murais, instalações em festivais de música electrónica (Boom Festival, Sinergia) ou pinturas aerografadas em pranchas de surf, nas suas obras e formas observamos os elementos, as cores, o dinamismo e a fluidez da natureza. “(…) estou ali num pós-graffiti, eu rebento lá, sou muito experimental, pinto com água, pinto com fogo. (…)”.2

RAM descreve a obra "Rosácea do Tempo"

"Nesta pintura apresento o meu primeiro confronto entre Arquitectura Medieval e o Graffiti contemporâneo . Combino o estilo Romano e Gótico presente no Mosteiro de Leça do Balio e um universo de Graffiti Orgânico-Psicadélico que tenho vindo a trabalhar nos últimos anos. Apresento uma alusão ao Tempo entre épocas onde apesar de todas as evoluções humanas a Natureza se mantém como o elemento mais forte e predominante. Chamo o Mar de Matosinhos e os Ventos locais e crio a ilusão de uma força luminosa que tem o poder de olhar por nós e de nos fazer parar para reflectir sobre toda a evolução das espécies e da natureza local perante o nosso existir. Crio uma ilusão de perspectivas onde misturo todos estes elementos e o confronto de estilos é óbvio e trabalhado segundo a espontaneidade do momento e do tempo de uma lata de spray que faz frente ao aspecto Geométrico e preciso da Arquitectura intemporal Romano e Gótica e de certa formal apresento um Relógio onde duas Ondas marcam Tempos e onde a Energia do Cruzamento destas faz com que um Pêndulo de Cristal Continue Eternamente a espalhar o Amor entre as espécies."3

1. https://ionline.sapo.pt/artigo/333944/miguel-ram-caeiro-entre-as-ondas-e-o-graffiti?seccao=Desporto

2. https://www.rtp.pt/programa/tv/p33846/e10

3. https://www.facebook.com/muralruadalionesa/

Sabia que: A “Rosácea do Tempo” é um dos motivos de merchandising para promover a Recriação Histórica “Os Hospitalários no caminho de Santiago”?

Este evento é realizado na segunda semana de Setembro, no Mosteiro de Leça do Balio.

Descubra mais em: https://www.matosinhoswbf.pt/pages/407

https://www.matosinhoswbf.pt/pages/326?geo_article_id=18

 

Sobre a intervenção de Mr Dheo

Nascido em 1985, na cidade de Vila Nova de Gaia, Mr.Dheo é um dos mais conceituados writers portugueses.

Artista autodidacta, dedica-se desde 2000 à arte urbana, vivendo a rua como espaço de ateliê e galeria pública, montra das suas criações hiper-realistas.

Integra a crew Bymalodja em 2008, no ano seguinte vence o Prémio Nacional de Indústrias Criativas, em 2000 lança a sua empresa Mr. Dheo Brand e ruma a São Paulo MrDheo2como artista convidado da 1.ª Bienal de Graffiti Fine Art, somando desde essa data múltiplas colaborações com conhecidas marcas (Reebok, Fiat, Red Bull, Sonae, Hard Club, Super Bock, entre outras) Destacamos a ligação ao FC Porto, onde encontramos a sua arte espelhada em diferentes suportes: desde murais (centro de treinos do Olival, Estádio do Dragão) a tectos (entrada do Museu do FC Porto) pintura de chuteiras para oferta do FC Porto aos jogadores do Arsenal a propósito da Champions League 2010, merchandising em óculos de sol e cachecóis. O desporto rei sempre foi familiar para o artista, que jogou 11 anos como federado: “A arte e o futebol estiveram lado a lado em toda a minha vida. O meu grande objectivo quando era novo era, claro, ser jogador profissional.(…)”1 Mr. Dheo é apelidado em diversas publicações como “Homem sem rosto” revelando a importância do anonimato para este artista.

Segundo entrevista ao Público sobre a construção da identidade do graffiti, sua legalidade e a ilegalidade, o artista refere: (…) Excluindo a imagem até que ponto consegues reconhecimento? Até que ponto consegues ser valorizado só pelo teu trabalho, sem teres de falar, sem teres de dar a cara, sem teres de justificar porque é que fazes aquilo? O meu trabalho tem de falar por ele próprio.”2 Mapeamos em 2020 a sua produção, presente em quatro dos continentes e mais de 45 cidades de 26 países internacionais, galerias a céu aberto de imagens nas quais a exploração dos detalhes é tratada até à exaustão. “O hiper-realismo é inalcançável; o meu trabalho é baseado em fotografias; um dia hei-de lá chegar.(…)”3 No site oficial mrdheo.com, apresenta-se como “Versátil, dedica-se sobretudo a produções foto realistas que, conjugadas com componentes gráficas, lhe conferem um estilo próprio em constante crescimento e desenvolvimento”.4

Mr. Dheo e a obra"MAR de Fisherman"

"Quando o Ram me lançou o desafio de realizar este mural na Rua da Lionesa e me descreveu os contornos do projecto a primeira imagem que visualizei mentalmente foi a de um pescador. E não mais quis largar essa imagem. Matosinhos é e será sempre, aos meus olhos, um sinónimo de mar. A traineira, o homem do leme, o peixe fresco a saltar no mercado pela manhã, o cheiro característico da sardinha, o convívio dos amigos à volta dos camarões num qualquer restaurante da cidade.

No dia em que iniciamos a pintura do mural fotografei o Gonçalo "Mar" com a expressão que melhor se enquadrava na mensagem que pretendia transmitir e fui compondo a obra de dia para dia, optando por determinados elementos e cores no momento, sem qualquer preparação prévia.

Procurei, acima de tudo, trazer para o Mural da Rua da Lionesa uma imagem positiva de um pescador, um pescador que tivesse por si só a força suficiente para alegrar o dia de quem ali passa mas que transparecesse simultaneamente a alegria de quem ali esteve a dar-lhe vida."5

1. https://bolanarede.pt/especialbolanarede/entrevistabnr/entrevista-a-mrdheo  

2. https://www.publico.pt/2013/05/16/p3/noticia/mr-dheo-o-artista-tem-de-correr-um-caminho-ilegal-1817342 

3. http://www.hiphopweb.org/index.php/entrevistas/1377-mr-dheo-o-writer-que-transformou-o-graffiti-num-negocio   

4. http://www.mrdheo.com 

5. https://www.facebook.com/muralruadalionesa/posts/mrdheo   


Sabia que: No padrão de fundo da escotilha de onde espreita a personagem de “MAR de Fisherman” estão escritos os nomes de todos os artistas que pintaram o Mural da Lionesa?

E que o pescador tem tatuada a palavra ATUM nos dedos da mão esquerda, clara referência a Matosinhos como terra de bom peixe?
Comprove isso mesmo participando nas edições do Degustar Matosinhos, realizadas em Fevereiro e em Abril.

Descubra mais em: https://www.matosinhoswbf.pt/pages/500 

Não se esqueça: Compre peixe fresco no Mercado Municipal de Matosinhos!

Horários de funcionamento:
Na segunda feira, das 7h00 às 14h00
De terça a sexta feira, das 6h30 às 18h00
Ao sábado, das 6h30 às 16h00

 

 

Sobre a intervenção de Third


Nuno Príncipe Palha a.k.a. Third é o criador da obra “Les Sardines Portugaise” no Mural da Lionesa. Nascido em Vila Nova de Gaia, Nuno Palhas (n.1975) descobre a sua paixão pela arte desde muito novo. Cursou Design Tecnológico, Design Têxtil, Técnicas de produção digital gráfica e Game Design. À parte do seu percurso académico, no início dos anos 90, com o surgimento do Hip Hop em Portugal, Nuno torna-se activista do movimento como B-Boy (crew Gaiolin City Breakers) e Writer. Desde 1998 que executa trabalhos comerciais para privados e multinacionais a par da colaboração com a marca de streetwear Aem'Kei, atualmente extinta.
É uma presença assídua como orador e palestrante convidado em eventos sobre Graffiti. Foi distinguido com o 1º lugar no festivalHipHop Stop Poverty, em 2008, e em 2011 venceu o concurso Opel Graffiti Tour PT.

Third descreve o seu estilo como uma fusão entre o realismo, a tridimensionalidade, o design e a ilustração, extravasando os limites mais enraizados da arte urbana.lionesa-third-01
“Não há fórmulas para pintar, trazes o conhecimento que tens. Muitas vezes a evolução surge da necessidade de ultrapassar obstáculos.”1
É na vivência do quotidiano que Third encontra a sua inspiração, procurando sempre a originalidade e a perfeição nos seus trabalhos.
“ Podes encontrar inspiração em qualquer lado. Tens é de estar receptivo a isso”2
Como projecto de vida, o artista quer "alcançar a idade de Manoel de Oliveira em lata"3

Third e a obra "Les Sardines portugaise"


"Les Sardines portugaise" pretende retratar duas indústrias de grande peso (Pesca, Conservas) da cidade de Matosinhos, em que a sardinha apresenta-se cortada a meio, como reflexo do que foi feito a nossa indústria com os acordos com a União Europeia, que levam a cidade a ficar submersa."4
No plano de fundo desta composição são trabalhados diferentes graus de saturação e luminosidade em azul e verde, transmitindo a sensação de profundidade. Um cardume e a escultura “She Changes” da norte americana Janet Echelman são destacados como elementos deste fundo.

No canto inferior direito do mural, um peixe isola-se do cardume, reconhecendo no interior do peixe a assinatura do artista.
1, 3. https://pt-pt.facebook.com/thirdrua/ 
2. https://www.rtp.pt/play/p3092/e274514/estou-nas-tintas 
4. https://pt-pt.facebook.com/muralruadalionesa/ 

Sabia que:
Em Matosinhos existe a Conservas Pinhais Factory Tour, um museu-vivo dedicado à indústria conserveira?
Os visitantes têm a oportunidade de acompanhar todo o processo de produção, ao longo de 12 passos, cheirar os ingredientes, participar em provas de degustação e embrulhar a sua própria lata num papel personalizado.
Descubra mais sobre a conserveira Pinhais em: https://www.matosinhoswbf.pt/pages/326/?geo_article_id=619 
(re)Veja o episódio nos “Caminhos da História”, Porto Canal: http://portocanal.sapo.pt/um_video/OT0luzABREHBYTMZHR0s 

 

Sobre a intervenção de Mário Belém


Mário Belém (Lisboa, n. 1977) cresceu em Carcavelos, onde ainda hoje vive. O criador da obra “Bai mas bolta” passou a infância agarrado aos cadernos, a desenhar Imagem1Snoopys e Mickeys. Ao contrário de tantos (a maioria) dos artistas da sua geração, alguns deles presentes no Mural da Lionesa, Mário Belém nunca andou pela noite de spray em riste. Aos 16 anos já fazia uma banda desenhada numa revista de bodyboard e trabalhava como ajudante numa loja de pintura de capacetes. Quando chegou a altura de escolher um curso superior, entrou na Faculdade de Arquitectura de Lisboa. Não gostou, tendo mudado para Design Gráfico, na Ar.Co. Quando terminou o curso trabalhou com o cartoonista, fotógrafo e humorista José Bandeira. Fundou o thestudio com André Ribeiro e o Juan Carmona, onde realizou vários projectos de design gráfico e ilustração digital. Trabalhou como para diversas agências publicitárias, mas, passados alguns anos, reconsiderou:

“Chateei-me com a publicidade. Dava por mim a acordar todos os dias com problemas de consciência. E cada vez me sentia mais fascinado pela ideia dos murais e de poder interagir com as pessoas. Não queria continuar a adiar projectos pessoais para ser ilustrador comercial. Percebi que a maior riqueza não é o dinheiro, mas é mesmo poder gerir o meu tempo. Comecei a tentar encontrar a minha voz.” 1

Paralelamente à sua atividade como freelancer de trabalho comercial é desde 2011 que o artista se dedica à pintura de murais, respondendo a quem lhe pergunta “Sou um ilustrador que pinta murais e adora trabalhar com madeira”2

Na última década participou na 3ª edição do International Village Art Festival, Xucun, na China no Djerbahood , em Djerba, na Tunísia, no Tour Paris 13, França, realizando em Lisboa, entre 2016 e 2017, uma série de murais intitulada “Murais e outros bons hábitos”, na qual as peças são todas criadas como uma resposta à pergunta “e se a publicidade fosse brutalmente honesta?. Atualmente integra o Colectivo Coruja juntamente com oito outros street artists. Como artista, é representado pela Galeria Underdogs.

Recorrendo a elementos da cultura e sabedoria populares portuguesas, que incorpora no seu estilo colorido e brincalhão, Belém dá forma a uma refinada narrativa visual, detalhada e imbuída de histórias e provérbios tradicionais.

Mário Belém e a obra "Bai mas bolta"

"O ponto de partida para o meu mural foi a pintura de Augusto Gomes "Sem Título" onde se vê um grupo de mulheres de pescadores em frente a mar a gritarem pelo regresso dos seus homens, criada em homenagem a um naufrágio que houve em 1947 em Matosinhos (foi essa mesma pintura que serviu de inspiração à escultura de José João Brito, que se encontra em Matosinhos ao pé do mar).

Na minha pintura vêem-se duas mulheres de pescador sobre uma garrafa, que em vez de estarem a gritar em desespero, trazem as boas novas: a explosão de cor, a mensagem dentro da garrafa, que vai dar vida a todo o mural da Rua da Lionesa."3

1. https://ionline.sapo.pt/artigo/411152/mario-belem-o-menino-da-linha-que-so-quer-fazer-bonecos?seccao=B.I. 
2. https://www.isupportstreetart.com/interview/mario-belem-bringing-people-positivity/  
3. https://www.facebook.com/muralruadalionesa/ 

Sabia que:
Quando esboçou a sua proposta para o Mural, Mário Belém foi inspirado pela pintura de um dos grandes mestres portugueses da segunda metade do séc. XX, o pintor e professor Augusto Gomes?
A Câmara Municipal conta, no seu acervo artístico, com 70 obras deste ilustre matosinhense.
Descubra mais sobre este ilustre em: https://www.cm-matosinhos.pt/pages/1495?poi_id=11 

 

Sobre a intervenção de UTOPIA

Oliveiros Junior a.k.a.Utopia é o criador da obra “Pescador de ilusões” no Mural da Lionesa. Nascido em Carapicuíba, São Paulo , Oliveira Júnior (n.1983) vem, desde 1997, a dedicar-se inteiramente à arte urbana. A cidade torna-se desde cedo a tela de Utopia, e simultaneamente o seu assumido espaço ateliê de criação e inspiração. Aqui vive(m) tantas obras, muitas de outros paulistanos como OsGémeos Gustavo e Otávio Pandolfo, Kobra, Crânio, Speto(…)

Desde 1998 que Utopia participa em vários projetos sociais e com Organizações Não Governamentais, tendo colaborado na revitalização em projecto multidisciplinar promovido pelo município de Barueri, participado em programas pela Secretaria de Cultura de São Paulo e ministrado aulas e workshops nas escolas da grande cidade de São Paulo e interior. Em 2008, a propósito de um convite à participação no Festival Hip Hop EuroBattle, conhece o país que sente seu. Ora em São Paulo, ora em Lisboa, Utopia colabora em eventos de hiphop e street art, nadando como peixe na água no cruzamento de diversos materiais como sprays, tintas, madeiras, vidros, espelho, azulejos e mosaicos. Em 2016, a convite do Aeroporto de Lisboa e da GAU Galeria de Arte Urbana, intervenciona o espaço da zona de partidas do Aeroporto de Lisboa (1) , obra notável na mestria da utilização do mosaico, azulejo e graffiti. Um ano depois é convidado para o Festival Cara ou Coroa, realizado no Bairro da Bela Vista em Setúbal. Fora de Portugal, as suas obras podem ser vistas em França e Espanha, e recentemente em Israel, no Museu de Beit Há'ir de Tel Aviv, com a exposição Wanderlust Art", criada pelo coletivo Double Trouble Crew (uma tripla de artistas da qual parelha com Nomen e Ram).

1) https://www.facebook.com/utopia.artist/videos/1751434235121917/ 

 

UTOPIA - Sobre a obra “Pescador de Ilusões”

"Tema cidade de Matosinhos com seu lindo Céu estrelado ao anoitecer e a perfeição das nuvens o aconchego do inverno as cores quentes do verão um envolvimento P1340140com os sonhos e amor dos pescadores e moradores, simplificados pela perfeita sintonia com a navegação, religião, cultura, natureza, tecidos e ao espaço que o envolve o amor pela cidade."

MURAL DA LIONESA
MURAL DA LIONESA
MURAL DA LIONESA
draw
Morada

R. Lionesa 31, 4465-332 Leça do Balio, Portugal

Coordenadas
Latitude
41.21223805828677
Longitude
-8.624230027198792
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